Design especulativo

Quando o design tradicional deixa de ser suficiente, talvez seja a hora de considerar outras abordagens.

O responsável pela Meta anunciou recentemente que pessoas que não utilizarem o óculos de realidade virtual/aumentada terão um atraso cognitivo no futuro. Esse exemplo de aviso é um lugar comum, na melhor das hipóteses e, falho, se queremos ser bem sinceros. É comum a gente pensar que o desenvolvimento tecnológico está relacionado ao surgimento de mais produtos e que a única maneira de solucionar os problemas da sociedade é através de mais coisas sendo projetadas e construídas.

Um outro jeito de nomear isso é: Crise no Design.

Já o Bruce Sterling tem uma visão bem interessante sobre isso. Pra ele, a maneira do design funcionar industrialmente é sem precedente e se propõe a criar muitas coisas novas. Ao mesmo tempo, os métodos de produção não são sustentáveis. Ou seja, a gente cria em larga escala com materiais finitos ou tóxicos, muitas vezes causadores de guerras. Então como podemos produzir coisas novas de uma maneira diferente como fazemos hoje?

O Dunne e a Rabby também tem uma frase interessante pra esse fenômeno:

… muitos dos desafios que enfrentamos hoje são insolúveis e a única maneira de superá-los é mudando nossos valores, crenças, atitudes e comportamento.

Por isso, a abordagem tradicional de design já não é suficiente. Criar serviços, aplicativos e produtos é uma maneira ultrapassada de atuar no progresso da sociedade. Precisamos de novos caminhos: O Design crítico se propõe a mudar formas de agir na sociedade através de artefatos. O Design fiction utiliza narrativas fictícias para para ponderar sobre outras possibilidades (muitas vezes futuras) e o Design especulativo, tema deste post, propõe cenários futuros hipotéticos para debater sobre qual futuro queremos construir.

No fim, essas abordagens tem um objetivo diferente. Ao invés de criar produtos, experiências humanas ou mudanças de comportamento, as novas abordagens se propõe a produzir ideias novas para vislumbrar novas possibilidades de mundo. E isso é especialmente válido para o Design especulativo.